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Numa perspectiva pastoral, destaco três elementos marcantes da comunicação de Leão XIV em sua apresentação ao mundo no dia 8 de maio de 2025, pois nosso ser e agir são inerentemente comunicacionais, com o poder de aproximar, mobilizar, engajar, comprometer, assim como de afastar e fragmentar.
Primeiramente, a escolha do nome que já é um recado ao mundo. “Leão” evoca a figura de Leão XIII, um papa que buscou conciliar tradição e modernidade, legando à Igreja a fundamental encíclica Rerum Novarum, alicerce da Doutrina Social. Assim como seu predecessor, no nome, liderou em tempos de transição, Leão XIV inicia seu pontificado em um período similar, marcado por uma mudança de época que demanda uma comunicação da Igreja para a Igreja, da Igreja para a sociedade e da sociedade para a Igreja, sempre fundamentada no discipulado de Jesus Cristo e focada na construção de pontes e na promoção da paz como fruto da justiça social. Essa é, portanto, uma comunicação atenta à modernidade, mas a serviço da dignidade humana e de toda a criação; uma comunicação atenta à realidade da inteligência artificial, mas sobretudo plenamente humana, portadora da sabedoria do coração.
Ainda relacionado ao nome Leão, recordamos a inspiradora amizade do século XIII entre Francisco de Assis e Frei Leão, alicerçada em profundo compromisso com Deus e com o próximo. A dinâmica entre eles era marcada por humildade recíproca e confiança mútua. Essa imagem fraterna nos convida a refletir sobre a relação entre o Papa Francisco e o Papa Leão VIII, ambos pastores dedicados ao serviço do povo.
Em segundo lugar, a forma como Leão XIV se apresentou ao povo na Praça de São Pedro foi de profunda eloquência. A humanidade e a emoção transpareceram em seus gestos, nas lágrimas visíveis, nos silêncios contemplativos e, finalmente, nas palavras “A paz esteja convosco” – um eco da saudação do Cristo ressuscitado – transmitindo de imediato uma poderosa mensagem de esperança, proximidade e união para toda a humanidade.
Por fim, sua primeira mensagem, proferida em italiano e espanhol, embora não em sua língua nativa, o inglês, estabeleceu indicou um possível tom de seu pontificado. Leão XIV ecoou a memória do Papa Francisco que, com sua “voz fraca, mas sempre corajosa”, abençoou Roma e o mundo na manhã do Domingo de Páscoa, poucas horas antes de falecer, reafirmando o amor incondicional de Deus e a certeza da vitória sobre o mal. Leão nos convidou a construir pontes de diálogo para fomentar a cultura do encontro. Inspirando-se em Santo Agostinho, ” Nele que é Um, nós somos um.”, refletiu sobre o chamado para uma Igreja unida, apesar das diferenças e tensões que inevitavelmente atravessam nosso tempo, no desejo de caminhar em comunhão em busca da paz, fruto da justiça, como um fiel discípulo de Cristo. Seu chamado é reforçado para uma Igreja acolhedora, missionária e sinodal, aberta ao diálogo e à caridade.
Demonstrou seu afeto por sua diocese de Chiclayo, no Peru, expressando gratidão e falando em espanhol ao rebanho onde outrora pastoreou. Olhando para o futuro, manifestou o desejo de uma Igreja unida na busca pela paz, caridade e proximidade com os que sofrem, convidando à confiança em Nossa Senhora de Pompeia.
A sua comunicação evidenciou a atenção e o cuidado do Bom Samaritano, percorrendo o caminho atento às realidades do trajeto e estabelecendo genuínas interlocuções.
Por Osnilda Lima